Wednesday, September 19, 2012

Precisamos de uma Lady Gaga

Confesso que não gosto muito da Lady Gaga. Gosto de duas ou três canções dela e acho piada a certas "coisas" dela, mas no geral acho demasiado sobreestimado. Talvez um dia mude de ideias.

No entanto, o que me surpreende é a quantidade de gente que ela tocou. A mulher tem vendido como ninguém, tem mais seguidores no Twitter que qualquer outra pessoa no mundo e muitos adolescentes são completamente maluquinhos por ela. E pergunto-me: " Que nervo é que ela tocou para ter conseguido isto? Que espaço vazio é que ela veio preencher?" Ok, na verdade, não costumo perguntar-me acerca da Lady Gaga, mas dá-me jeito para o post.

E onde quero chegar com isto é aqui: nós precisamos de uma Lady Gaga. E por "nós" quero dizer "nós, os seropositivos". Quem me ler que me perdoe, eu sei que estou sempre a falar no estigma do hiv, mas essa sim, é uma questão que me ocupa a mente. Quando faço uma pesquisa na internet do género "Celebrities with hiv", aparecem-me muito poucos resultados. E a maior parte é um grupo de pessoas desconhecidas de muita gente. Era bom que aparecesse alguém com o impacto da Lady Gaga, com o alcance global que a senhora tem, com a pica toda que a senhora tem, e depois dissesse: "I'm hiv positive." Ia desmistificar tanta coisa! Ia pôr uma cara no vírus, dar-lhe uma identidade, tirá-lo do anonimato. Talvez isto seja um fardo demasiado pesado, mas não tem de ser. As pessoas não conhecem ninguém com hiv (pensam elas...) e ao dar-lhes um modelo (e ainda por cima um que dança, canta, anda de um lado para o outro, tem uma personalidade), iam perceber que é possível que qualquer pessoa tenha este vírus dentro de si e que não tem de ser algo estranho, pode ser apenas algo com que se vive. Para além de todos os efeitos colaterais consequentes: um aumento da consciência desta condição e do que ela engloba, um melhor conhecimento de formas de prevenção e, claro, uma desmistificação, um atenuar da estigmatização.

Tal como o Ricky Martin sair do armário veio ajudar as comunidades gays latinas e um pouco por todo o mundo, precisávamos de alguém do género a fazer o mesmo por nós. Mostrar que isto não tem de ser um bicho de sete cabeças. Mostrar que não é preciso andarmos escondidos ou com medo. Que há coisas bem piores.

Alguém se oferece?

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